Eu não sei se gosto desse mundo da moda!!
Gosto! Daí vem um sentimento de culpa imeeenso, aquela sensação de egoísmo... como a-m-a-r uma linda bolsa Birkin Hermes, se ela custa o valor de um carro popular - que eu não tenho! - e a única fila de espera que eu conheço é a fila para pagamento de fatura da C&A, Renner, Riachuelo? Como me descabelar por um Louboutin se eu quase não uso saltos porque não aguento as calçadas uma aqui outra acolá das ruas de Maceió?
Daí não gosto... mas de repente vejo um filme, alguém passando pelas ruas com um quê que me inspira, um acessório que desperta minha criatividade, um vestido que aflora uma leveza de ser que me agrada... enfim...
E fico nessas, gosto, não gosto, gosto, não gosto...
Daí que lendo a Gloss de Fevereiro, achei uma reportagem que ajudou a apaziguar um pouco esse conflito interno... o título é "Mulheres-Vitrine" e fala sobre as It Girls, esclarecendo de onde veio esse termo:
"A Primeira It Girl:
O termo It foi criado pela romancista e roteirista inglesa Elinor Glyn (1864 - 1943), uma das escritoras pioneiras no gênero de ficção erótica para mulheres. Ela o utilizava para referir-se ao poder feminino de provocar atração sexual. A palavra significa aquilo que há de inexplicável e altamente sedutor em algumas pessoas (carisma talvez seja um sinônimo aproximado). Em 1927, um livro de Elinor chamado It virou filme homônimo e consagrou a atriz americana Clara Bow (1905 - 1965), ruiva e de olhos marcantes como a primeira It Girl da história. Mas foi a atriz Audrey Hepburn (1929 - 1993), no entanto, que fez fama como a It Girl número 1 do mundo da moda, apontada pelo estilista Givenchy como 'uma inspiração e um ideal de elegância'".
Enfim... parei para pensar direito sobre o assunto... o que acontece é que eu gosto de moda sim! Gosto de me vestir bem, de me sentir bem e isso não significa torrar horrores de dinheiro em roupas de marca mas sim parar em um momento do meu dia para olhar para mim, para cuidar de mim, para me mimar, porquê não? Passo hoooraaas no meu trabalho procurando executar minhas tarefas da forma mais competente possível, passo hoooraaaaas criando planos, viabilizando e depois implantando para buscar o sucesso profissional. Passo hooraaaaaaaas lendo livros técnicos que me atualizam em minha profissão, que me mantém informada com o que acontece no resto do mundo. Eu sei o quanto já investi em educação e tem mais, eu ainda nem cheguei no assunto boa esposa/amiga das amigas e amigos/dona de casa/filha/vizinha/colaboradora com o mundo em que vivemos/politicamente correta/etc. Nem vou chegar, quero terminar esse texto hoje.
O que eu quero dizer é: porque não separar um pouco de tanta criatividade para mim? Se eu não cuidar de mim, quem cuidará? Não é isso? Se eu criar o melhor plano de todos e apresentar para a diretoria vestida com pijamas, afinal, ninguém vai me levar a sério, não é assim que as coisas funcionam? Então porque não tentar equilibrar meu lado profissional com meu lado belezístico?
E gosto de ler sobre moda, maquiagem, essas feminices!! O que é a vida sem inspiração afinal? Gosto muito de uma frase da Cris Guerra "meu jeito de vestir é minha maneira de expressar o amor que tenho por mim"!
Descobrindo o que gosto, surgiu o que não gosto. O que não rola com a minha personalidade é a afetação, o jogo de interesses, a futilidade que cerca esse tipo de vida (e vários outros, diga-se de passagem...). Mas, de qualquer forma, essa realidade está tão longe de mim, uma pessoa comum, moradora de Maceió City, cheia de coisas pra fazer portanto com pouco tempo para perder em coisas tão pequenas, que resolvi assumir meu lado modístico e maquiagístico e pronto!
Esse é meu grito de liberdade! Chega de sentimentos de culpa e viva as cores, os tecidos e a tecnologia cosmética! E bora pro guarda-roupa escolher o que vou vestir hoje!